quinta-feira, 30 de abril de 2015

A Observação de Si-Conheça a Ti Mesmo

                                                                 Conheça a Ti Mesmo

A observação de si.    

  Conhece-te a ti mesmo – este era o primeiro principio e a primeira exigência de todas as antigas escolas de psicologia. Lembramo-nos ainda dessas palavras, mas perdemos sua significação. Pensamos que conhecermo-nos a nós mesmos quer dizer conhecermos nossas particularidades, nossos desejos, nossos gostos, nossas capacidades e nossas intenções, quando na realidade isso significa conhecermo-nos como máquinas, isto é, conhecermos a estrutura da nossa máquina, suas partes, as funções das diferentes partes, as condições que regem seu trabalho, e assim por diante. Compreendemos, em geral, que não podemos conhecer máquina alguma sem havê-la estudado. Devemos nos lembrar disso quando se trata de nós mesmos e devemos estudar nossa própria máquina como máquina que é. O meio de estuda-la é a observação de si.    Não existe outro meio e ninguém pode fazer esse trabalho por nós. Devemos fazê-lo nós mesmos. Antes, contudo, devemos aprender como observar. Quero dizer que devemos compreender o lado técnico da observação, devemos saber que é necessário observar diferentes funções e distingui-las entre si , recordando ao mesmo tempo o que sabemos dos diferentes estados de consciência, do nosso sono e dos númerosos  “eus” que existe em nós.
   Tais observações darão resultado prontamente. Em primeiro lugar, o homem notará que não pode observar imparcialmente nada do que encontra em si mesmo. Certos traços lhe agradarão , outros lhe desagradarão, o irritarão ou mesmo lhe causarão horror. E não pode ser outro modo. O homem não pode estudar-se como se fosse uma estrela longínqua ou curiosa espécie de fóssil. Naturalmente, gostará nele daquilo que favorece o seu desenvolvimento e detestará aquilo que torna esse desenvolvimento mais difícil ou até impossível. Isso quer dizer que muito pouco tempo depois de haver começado a observar-se, distinguirá em si os traços úteis e os traços prejudiciais, isto é, úteis ou prejudiciais do ponto de vista de um conhecimento possível de si mesmo, de um despertar possível, de um desenvolvimento possível. Discernirá nele o que pode tornar-se consciente e o que não pode e deve ser eliminado. Ao se observar, nunca deverá esquecer que o estudo de si é o primeiro passo no caminho de sua evolução possível.     


P.D. Ouspensky – PSICOLOGIA DA EVOLUÇÃO POSSÍVEL AO HOMEM – Síntese notável, atualíssima, da ciência do desenvolvimento espiritual através da consciência . Editora Pensamento - (Alguns Grifos Meus: Paulo Paz)  

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