segunda-feira, 11 de maio de 2015

Conto Oriental do Mago

 
Certo conto oriental fala de um riquíssimo mago que tinha numerosos rebanhos de carneiros. Esse mago era muito avaro. Não queria tomar ao seu serviço pastores e não queria igualmente pôr cerca em volta dos campos onde seus carneiros pastavam. Os carneiros extraviavam-se na floresta, caiam nas ravinas, perdiam-se e, acima de tudo, fugiam à aproximação do mago, porque sabiam que este pretendia tirar a carne e a pele deles. E os carneiros não gostavam disso.
   Afinal, o mago encontrou o remédio. Hipnotizou os carneiros e sugeriu-lhes, antes do mais, que eram imortais e que o fato de serem esfolados não lhes podia causar nenhum mal, que, ao contrário, esse tratamento era excelente para eles e até agradável: em seguida, o mago sugeriu-lhes que era um bom pastor, que gostava muito de seu rebanho, que estava pronto para todos os sacrifícios por ele: enfim, sugeriu-lhes que, se alguma coisa fosse suceder a eles, isso não aconteceria, em caso algum, agora, hoje e que, por conseguinte, não tinham que se atormentar. Depois do que, o mago meteu na cabeça dos carneiros que não eram, em absoluto carneiros; alguns sugeriu que eram leões, a outros, que eram águias, a outros ainda, que eram homens ou magos.
   Feito isso, os carneiros não lhe causaram mais aborrecimentos nem inquietações. Não fugiam nunca mais, aguardando, ao contrário, com serenidade, o instante em que o mago os tosquiava ou degolava.    " Esse Conto Ilustra, de modo perfeito, a situação do homem. "

P.D OUSPENSKY -     Livro: Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido - pg.252

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